Venho de uma família de 16 irmãos: 7 por parte de mãe, 7 por parte de pai e 1 apenas 1 em comum comigo (mesmo pai e mesma mãe). Meu pai quando conheceu minha mãe ele era casado e já tinha seus 7 filhos. Minha mãe também era casada e tinha 4 filhos do casamento, ela foi morar numa casa que meu pai alugava com a família dela. Eles se conheceram e começaram a conviver, se tornando amantes.
Meu pai era militar da PM carioca e o marido dela era civil da Marinha, pelo que dizem eles eram amigos, vizinhos e tal... Com a descoberta do romance entre os dois, minha mãe convenceu meu pai a matar o marido dela (pelo que contam) com intrigas e mentiras tudo culminou no assassinato do marido dela. Como se não bastasse ter usado meu pai para se livrar do marido ela ainda arquitetava planos diabólicos para atingir a família do meu pai. Minha madrasta me contou que eles dois juntos (meu pai e minha mãe) atacaram a casa dela no meio da madrugada com pedras e paus, mascarados.
Nesse dia a filha recém-nascida da minha madrasta dormia na cama perto da janela e foi ferida por estilhaços de vidro. Essa minha irmã (filha do meu pai) está hoje com a mesma idade que eu, as duas mulheres estavam grávidas ao mesmo tempo. Ela sempre me odiou, porque sou filha de quem sou, a mulher que destruiu a vida dela, dos irmãos e da mãe deles. Minha madrasta nunca teve nada contra mim. A uns meses atrás, essa minha irmã veio me pedir perdão por ter nutrido esse sentimento por mim.
Bom, seguindo...
Minha mãe após o assassinato do marido, ter destruído a vida do meu pai, o traiu com outro. Ele por sua vez, nos tomou dela. Nos tirou ainda crianças, eu com 5 anos e meu irmão com 3, ainda amamentando. Ele exigiu que minha avó materna nos levasse até ele, do contrário faria “uma salada de gente" palavras dele proferidas à minha avó.
Lembro que minha mãe se descabelou, gritou, se jogou no chão, mas não teve jeito, ele nos levou embora para outra cidade, uma vez que, ele por ter matado o marido dela foi transferido para outra cidade no Estado do RJ (praxe na PM). Meu pai foi preso, cumpriu pena por 2 anos nesse novo destino e nós ficamos entregues a sorte. Dormíamos num fusca 74 (de propriedade do meu pai) no pátio do quartel onde ele servia e cumpria a pena pelo assassinato do rival.
Aquele pátio foi nossa casa, playground, passatempo pelos 2 anos que se seguiram. Me lembro das noites que ele ia até o carro arrumar nossa cama (no fusca que virava um salão quando aberto a parte de trás) ali ele nos contava histórias até dormirmos, muitas vezes eu vi escorrer dos olhos dele as lágrimas iluminadas pela pouca luz de postes e do luar...
Quando ele cumpriu a pena, fomos morar num bairro naquela cidade. Meu pai virou um farrapo humano, se embriagava de cair, dormia em casas de tolerância, chegava em casa ensanguentado, porque bêbado caia pelas sarjetas nas ruas... Até que essa vida de boêmio o levou a ruína, ele teve um AVC passou 2 meses em coma, ficamos com um amigo do quartel dele, uma família boa que nos acolheu e nos amou.
Bom, meu pai ficou entrevado em uma cama: sem falar, sem andar, sem nos conhecer, até que com o passar do tempo e nossa ajuda (apesar de crianças ainda) com apenas 8 anos, ele voltou a andar e se reabilitou, não totalmente, mas se reergueu...
Meu pai passou a minha infância inteira nos dizendo que nossa mãe tinha morrido, mas em contra partida ele por querer se reconciliar com os filhos dele com a ex-esposa, nos levava para passar as férias no RJ e assim elas (as filhas dele) nos contaram toda a verdade que tínhamos mãe sim, até que nos levou para conhecê-la.
Nossa!!! O encontro foi mágico! Genteeee, eu tinha uma mãe e se parecia comigo, tinha outros irmãos, era tudo tão lindo, parecia um conto de fadas... Um dia cheguei em casa das férias no RJ e chamei meu pai de mãe, imagina a cara daquele homem que já era sisudo pelas pancadas que levou da vida e justamente por causa daquela mulher.
Ele a partir desse dia começou a entender que não tinha mais como nos esconder do mundo, quase adolescentes... Pois a partir desse dia TODOS OS DIAS da vida dele, ele dizia para nos afastarmos daquele mulher que de mãe não tinha NADA, que ela não prestava e um dia nós íamos conhecer de VERDADE quem era minha mãe.
Pois esse dia chegou, meu pai me descobriu um segredo, eu fumava escondido. Isso pra ele foi a pior das traições, ele abominava mentiras, ele apanhou o revólver (sim o mesmo que ceifou a vida do meu padrasto) e o colocou em minhas têmporas. Meu Deus, eu pensei que ia morrer! Fechei os olhos e esperei só o tiro no ouvido. De repente ele abaixou a arma e lágrimas escorreram por meu rosto num misto de pavor e alívio.
Ele cerrou as feições e deu-me a ordem: "Apanhe suas coisas que vc vai embora, vai morar com sua mãe, porque você não vale nada, igual a ela.”. Pois moça, eu tinha apenas 14 anos e vi a vida me cobrar caro pelo erro que cometi ao trair e mentir p meu pai, um homem que abdicou da vida por 2 filhos, ele viveu por nós até o último suspiro em cima dessa terra.
Quando fui morar com minha mãe tudo correu as mil maravilhas, ela sabia das histórias que ele contava sobre ela, porque as filhas dele (com a mulher de casado) contavam quando nos levava lá pra minha mãe nos vê, então ela foi ardilosa, fez TUDO parecer tranquilo no começo, mas cedo ou tarde o narcisista sempre mostra para o que veio e assim aconteceu...
Muitas vezes, eu a ouvi por trás das paredes falando mal de mim, que eu era um peso na vida dela, que fui embora com 5 anos com meu pai por escolha própria, que filho criado era trabalho dobrado... Eu sentia pelo jeito e tratamento que ela não gostava de mim, me desprezava, falava mal de mim para as pessoas, me achava feia, muito magra, desengonçada (palavras dela) quando não era isso me colocava contra minha irmã e vice-versa, dizia a ela que eu era inteligente pq meu pai tinha condição que eu pude estudar e eles não... Sabe? Coisas sem sentido...
Transformou nossa vida e convivência dentro de casa num inferno, onde eu ia, ela criava intriga contra mim, as pessoas tomaram bronca de mim, minha avó não falava comigo por causa de fofocas que ela inventava. A criatura chegou a roubar na casa de parentes e colocou a culpa em mim,ainda dizia: "Fulana foi criada longe com o pai para lá, por isso tem esses maus costumes!!!”.
Tentei suicídio 2 vezes e numa das vezes vi ela ri de mim, quando acordei da overdose de medicamento ela proferiu as seguintes palavras: “Da próxima vez se joga embaixo de um caminhão, não fica dando trabalho p os outros.”.
Ela me colocou pra fora de casa inúmeras vezes, eu dormia na rodoviária no meio de mendigos, saia pedindo emprego de porta em porta contando minha história para compadecer um filho de Deus. Fui explorada, feita de escrava, trabalhei só por casa e comida. Muitas vezes quando eu estava bem num emprego, ganhando direitinho, ela ia até lá e me convencia ir para casa com ela, de repente do NADA me mandava ir embora de novo, como um lixo descartado, uma laranja chupada, um caroço de fruta... Nunca entendi, porquê tanto ódio, o que fiz para merecer tamanha crueldade, porque ela era daquele jeito???
Eu me casei em 1991 ela não foi no meu casamento, ela odiava meu marido, não falava com ele, desde que se interessou por ele e não foi correspondida. Ela me encontrou um dia na rua, eu estava grávida e ela me propôs voltar para casa, me disse: “Mas vc casou rápido porque quis, não precisa NADA disso, você não é obrigada ficar casada se não quiser, você está grávida ele tem que te dar uma pensão por causa desse filho, vamos embora pra casa comigo.”.
Nossa!!! Fiquei atordoada, pensando que ela só podia ser louca, me propor um absurdo desse! Eu estava feliz, meu marido era bom, sosseguei minha cabeça, como pode uma mãe não querer o melhor para sua filha? Parecia mentira!
Eu diversas vezes tentei contar para as pessoas sobre as maldades dela, as coisas que me fazia, mas... Ninguém acreditou! Perdi “amigos", porque se ela não gosta da própria mãe como vai gostar de alguém!?! Eu nunca compreendi o porquê de tanto rancor, minha mãe caramba... Como pode!?!?
Hoje tenho 2 filhos que são o meu mundo, 1 filha de 15 anos que é uma princesa, minha pedra preciosa, meu TUDO e ainda não compreendo como uma mãe pode não gostar dos próprios filhos. Busco respostas, espero que ela seja doente, porque eu não sou alguém odiosa, indigna do maior e mais sagrado amor que Deus colocou em cima da terra: AMOR DE MÃE.