Por Mães Narcisistas
Muitas vítimas comentam que, ao falar sobre o abuso materno ou ao compartilharem posts sobre o assunto, são desacreditadas ou invalidadas.
É importante compreender que o abuso materno possui um tabu muito forte. Poucas são as pessoas que se atrevem a falar sobre o assunto. Até mesmo profissionais da área têm receio de comentar ou publicar sobre mães abusivas.
Por isso, não espere que alguém vá concordar com você ou validar a sua história. Não se sinta frustrado se você compartilhou a matéria do Fantástico e ninguém comentou, se você compartilhou posts sobre narcisismo e ninguém curtiu, se você citou algo sobre abuso materno e foi ignorado.
Mães más e abusivas, que maltratam, que prejudicam e até matam existem; está na mídia e é um fato. O problema é que muita gente só consegue ver (ou prefere não enxergar) que essas mães malvadas também podem estar na própria família ou no círculo de amizades. Elas pensam que são casos isolados - o que não é verdadeiro, pois a cada dia cresce o número de vítimas que se reconhecem em situações de abuso intrafamiliar.
Quando você, vítima de abuso intrafamiliar (sendo o abusador mãe, pai, avós, tios etc.), sugere a matéria do Fantástico ou que alguém leia sobre o Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN), não espere que essa pessoa consiga compreender que VOCÊ poderia ser a vítima.
Mas por que não? Porque há algumas hipóteses para não ser validado. Vamos a elas:
O fato é que abusadores defendem abusadores. Se você conta os abusos que sofre para um outro abusador e ele acaba SE RECONHECENDO, então vai de todas as formas negar que isso exista, que é coisa da sua cabeça e poderá até usar frases do senso comum como: “É sua mãe”, “Mãe é assim mesmo”, “Ela quer o melhor para você”, ou “Esses casos de abuso são com outras pessoas, não acontece com você”.
Essa pessoa vai negar porque TAMBÉM É ABUSIVA e, se ela te der validação, não vai desmascarar apenas um abusador, mas dois (o outro e a si mesma).
O pior medo de um abusador é ser desmascarado e ter a sua maldade exposta. Os narcisistas levam essa questão muito a sério, pois é preciso manter a máscara de uma boa pessoa diante da sociedade.
Você também pode achar que para ser abusiva a pessoa precisa praticar abusos. Bom, nem sempre. Há abusadores ocultos, que não praticam a maldade em si, mas adoram assistir pessoas sendo maltratadas e podem até mesmo sentir prazer com isso.
Portanto, os abusadores NÃO VÃO TE VALIDAR.
Nesse caso a pessoa pode realmente não presenciar os abusos e, por isso, não acreditar quando a vítima os conta.
Há inúmeros casos nos quais as vítimas foram agredidas fora do campo de visão de testemunhas. A mãe agressora obriga a vítima a mentir sobre possíveis hematomas e comete o abuso psicológico sorrateiramente, camuflado ou disfarçado de “cuidados de mãe”.
Uma outra possibilidade é haver a consciência de que a mãe é abusiva, mas a testemunha ou o chamado “facilitador” não defender ou tomar as dores da vítima. Nesse caso, essa pessoa pode ser dependente emocional do abusador e tolerar os abusos, fazendo de conta que não os percebe.
Abusadores gostam de provocar medo em suas vítimas e em todos ao redor.
Muitas vezes a pessoa sabe de tudo o que ocorre dentro do ambiente familiar, mas tem muito medo de tomar partido. Afinal, pode sobrar pra ela também e ninguém quer instigar a fúria narcísica.
Mães abusivas já eram pessoas abusivas antes da maternidade. Ter um filho não cura o problema dela, mas só o piora, uma vez que mães narcisistas projetam nessa criança toda a manifestação do Transtorno de Personalidade Narcisista.
Contudo, ainda há em nossa sociedade uma cultura de ventre sagrado. Algo que se mistura com religião e santificação. Por isso, muita gente acredita que mãe é um ser bondoso e que vai sempre amar os seus filhos.
Como sabemos (nós vítimas de mães abusivas/narcisistas) não há amor nessa relação. A mãe narcisista vê na maternidade algo que lhe dá grandiosidade e aumenta a possessividade e poder.
Mães narcisistas veem o filho como uma propriedade privada, alguém que lhes deve algo e que precisa seguir as suas ordens. Qualquer desvio ou “desobediência” será severamente punido.
Dessa forma, para quem acredita que mães são sempre boas, quase “santas”, é difícil enxergar a monstruosidade que se esconde nas mães narcisistas.
O que a vítima entende desde cedo é que vive numa família problemática, na qual os abusos são rotineiros e “abafados”.
Muitas vezes, os membros do núcleo familiar vão amenizar os abusos e fazer a vítima se calar. Manter as aparências de “família perfeita” é importante para essas pessoas. Elas não enxergam os abusos e agressões como crimes (conforme consta na lei), mas como “brigas de família” e “autoridade de pai e mãe” e, por essa razão, não devem ser expostos a terceiros.
O Transtorno de Personalidade Narcisista não é novo, mas falar sobre isso sim. Apenas muito recentemente (com a popularização da internet) começou-se a falar sobre o abuso narcisista. As vítimas criaram grupos de apoio virtuais, blogs, páginas e perfis para contarem suas histórias e foi assim que iniciaram um movimento que continua crescendo a cada dia.
Abordar o assunto não é tão simples quanto parece. As vítimas conhecem os “sintomas” do TPN por meio de seus abusadores, mas não sabem como nomeá-los. Já para alguém que não passou pela mesma experiência pode ser um pouco complexo de entender. Pode ser até mesmo que essa pessoa reproduza as frases do senso comum ditas acima.
Inclusive, pode haver uma confusão do Transtorno com “doença” (ainda muito debatido no meio acadêmico), fazendo-a acreditar que quem possui o TPN seria alguém “doente” e “inconsciente de seus atos” - afirmação essa que vai por água abaixo, visto que os narcisistas possuem TOTAL CONSCIÊNCIA dos abusos.
Diante dessas hipóteses, lembramos às vítimas que buscar validação pode ser algo muito desgastante.
É importante compartilhar e falar sobre o TPN para que outras vítimas se reconheçam e tenham apoio. Contudo, também é importante se focar na recuperação dos traumas e buscar ajuda psicoterápica.
Ademais, a divulgação do TPN é um trabalho de conscientização lento e progressivo. As pessoas podem não interagir, mas vão saber, ler, ver...
Nem todos vão validar a sua dor, mas basta apenas uma busca rápida na internet para saber que já somos milhares.
Não gaste tempo e energia com pessoas ou coisas que não lhe trazem benefícios. Está na hora de pensar apenas em você. Se ame! Se cuide!