71% das crianças mortas por um dos pais são mortas por suas mães; 60% das vítimas são meninos

Por Mark B. Rosenthal

Em 1994, o assassinato de seus filhos Michael e Alex, por Susan Smith, foi manchete nacional durante meses. Alguns fatores explicam por que o caso de Susan Smith recebeu uma grande cobertura da mídia. Um fator foi o racismo evidente de Smith. Smith inicialmente inventou uma história sobre ter tido o carro roubado por um homem afro-americano para explicar o desaparecimento de seus filhos. A mídia, prontamente acreditando em sua história de terror, noticiou-a em primeira página em todo o país. Tendo coberto a história do "roubo de carros" e o desaparecimento dos meninos por 9 dias, a mídia não poderia facilmente deixar a história de lado quando foi descoberto que Smith tinha realmente amarrado seus filhos de três e um ano em suas cadeirinhas de bebê e depois dirigiu o carro para um lago no intuito de afogá-los. Além disso, quando se descobriu que a razão de Smith ter matado os garotos era porque ela sonhava em se casar com um homem rico que lhe dissera que ele não tinha interesse em uma “família pronta", a repulsa resultante do público em geral ajudou a vender jornais e a aumentar a audiência das mídias.

Mas quando uma mãe mata seus filhos, é raro a mídia jornalística reagir com uma grande cobertura. É muito mais comum a imprensa fazer grandes coberturas sobre pais assassinos como Manuel Gehring, que em 2003 matou seus filhos e os enterrou em uma interestadual em Ohio, ou Mark Castillo, que em 2008 afogou seus filhos em um hotel de Baltimore antes de tentar tirar a própria vida.

Programas de TV e filmes também raramente contam histórias de mães abusivas ou mães que matam seus filhos, deixando o público com a impressão errônea de que os pais são um perigo muito maior para os filhos do que as mães. Programas de TV e filmes também são muito mais propensos a retratar meninas como vítimas de maus-tratos do que meninos.

No entanto, dados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (DHHS) contam uma história completamente oposta a respeito de quem abusa de crianças. O DHHS publica um relatório anual chamado “Child Maltreatment" (Maltrato Infantil), e o relatório de cada ano contém uma tabela detalhando o status parental do(s) perpetrador(s).

A seguir, é apresentada uma análise dos dados extraídos das tabelas "Abuso e Negligência Infantil" e "Fatalidade Infantil" de cada um dos relatórios de "Child Maltreatment" do DHHS, entre 2001 e 2006.

O DHHS calcula os percentuais de perpetradores em várias categorias, como mãe, pai, pai adotivo, funcionários de creche, amigo ou vizinho, etc. Os percentuais costumam ser usados para argumentar se, em média, são pais ou mães que representam um risco maior de dano a seus filhos. Mas quando se tenta determinar qual dos pais, em média, representa o maior perigo, categorias como Pais Adotivos, Funcionários de Creche, Amigo ou Vizinho, etc. são totalmente irrelevantes. Os cálculos abaixo fatoram essas categorias para produzir uma imagem mais precisa. Os cálculos resultantes mostram a porcentagem de abuso infantil e mortes causadas por um dos pais agindo sozinho ou em conjunto com alguém que não seja o outro genitor da criança.

Os dados do DHHS mostram que das crianças abusadas por um dos pais entre 2001 e 2006, 70,6% foram abusadas por suas mães, enquanto apenas 29,4% foram abusadas por seus pais.

E das crianças que morreram nas mãos de um dos pais entre 2001 e 2006, 70,8% foram mortas pelas mães, enquanto apenas 29,2% foram mortas por seus pais.

Além disso, ao contrário da abordagem da mídia que deixa o espectador com a impressão de que apenas meninas são prejudicadas, os meninos constituem 60% das mortes infantis. (Tabela 4-3, p. 71, Child Maltreatment 2006) relata que 675 meninos morreram em 2006 em comparação com 454 meninas).

O viés que a mídia difunde não pode deixar de influenciar os juízes. Assim, os jornais, programas de TV e filmes que promovem esse viés devem ter uma parte significativa da responsabilidade pelo abuso infantil e pela morte de crianças nas mãos de mães violentas.

*Fontes:

• Child Maltreatment 2006, Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (DHHS): 

• Child Maltreatment 2005, Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (DHHS):

• Child Maltreatment 2004, Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (DHHS):

• Child Maltreatment 2003, Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (DHHS):

• Child Maltreatment 2002, Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (DHHS):

• Child Maltreatment 2001, Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (DHHS): 

Link para o artigo original: 71% of Children Killed by One Parent are Killed by Their Mothers; 60% of Victims are Boys